Sobre ser
Uma das postagens mais famosas do meu blog é "O que é ser uma lolita?". Fora da moda, eu tive meus momentos clichês de crises de identidade adolescente, como eu imagino que deva ter acontecido com muitas pessoas. Os mais recentes foram na saída do Ensino Médio, com um gatilho muito bobo: ao fazer uma festa de aniversário, vi que poucas pessoas me deram coisas não-genéricas. Eu não fiquei chateada por receber esses presentes, mas por eles confirmarem uma tese que rondava a minha mente na época: que as pessoas não sabiam do que eu gostava.Olhando para trás, tudo isso parece tão bobo. Quando somos imaturos, as coisas mais simples nos incomodam...
Naquele momento, porém, isso era importante para mim: as pessoas não sabiam o que me dar de aniversário; pouquíssimos amigos mais próximos deram coisas relacionadas aos meus hobbies, ou mesmo me deram livros, que eu achava que ia ganhar em massa. Hoje eu vejo que a maioria das pessoas simplesmente não se importava em me dar algo que exigisse algum esforço mental, e isso é normal. As pessoas preferem comprar uma bijuteria ou algo de prata, ou então um conjunto de creme e sabonete. Mesmo eu não usando acessórios ou nem saber pra que servia hidratante corporal. Acontece. Não era algo pessoal comigo.
Isso não evitou o desencadeamento da ideia de que as pessoas não sabiam o que eu gostava, e consequentemente não sabiam nada do que eu era.
Olha só como uma coisa tão simples, faz um nó na cabeça de alguém como eu.
É verdade, que se alguém perguntasse para meus colegas como eu era, talvez saíssem várias respostas similares, mas nenhuma delas representaria a realidade. As pessoas não te conhecem tão bem quanto você pensa. Isso é normal.
Eu tentei resolver esse "problema" moldando minha aparência e as coisas que eu usava no dia-a-dia para as coisas que eu gostava. Usar canetas fofinhas intercaladas com o dinossauro ocasional, supostamente ajudaria as pessoas a entender o mínimo de quem eu era, certo? Pelo menos o mínimo do mínimo.
Não deu muito certo, obviamente.
Após outras tentativas falhas, em outras esferas, e até mesmo no blog, eu cheguei à uma conclusão:
Você não é o que você é. Você é o que as pessoas acham que você é.
É inevitável as pessoas te enxergarem de um jeito e criarem um "você" dentro da mente delas. Não importa o quanto você se esforce, a ideia que as pessoas têm de você raramente muda.
É por isso que quando você odeia alguém, cada atitude dela lhe é asquerosa. Se você vê a pessoa como asquerosa, tudo o que essa pessoa fizer será ruim.
É por isso que quando alguém que não te vê faz muito tempo, quando te encontra, te diz que você está muito diferente e pode não te tratar tão bem. Quando você destoa da imagem que as pessoas têm de você, isso causa espanto e incômodo. E algumas pessoas não lidam bem com isso.
Mesmo os nossos pais, ou qualquer responsável que nos vê todos os dias, se espantam ao ver você crescido e não atendendo à cada uma das expectativas que eles têm de você.
E é por isso que esperar que as pessoas saibam quem você é, é uma ilusão. Ninguém consegue te conhecer completamente.
Isso é bom, em partes. Existe um conceito antigo chamado "verdadeiro nome", que é interessante e usado em várias obras de fantasia. Quando alguém possui o verdadeiro nome de uma outra pessoa, adquire poderes absolutos sobre essa pessoa. Se alguém pudesse te conhecer por completo, ela saberia exatamente como você reagiria a cada situação. É algo vulnerável, e te tornaria alguém facilmente manipulável.
Por outro lado, isso causa situações desconfortáveis no dia-a-dia. As pessoas em geral não vão tentar entender nem um pouco sobre você. Não se importam em tentar conhecer as suas anseios, seus medos. Muitas preferem isso a expor qualquer coisa pessoal.
Ninguém é só vítima dessa situação, porque nós fazemos isso com todas as pessoas, sem exceção,
Talvez pareça um pouco pessimista, mas no fim, o jeito que as pessoas te vêem (perceive é a palavra ideal, eu acredito) influencia em como elas te tratam. E como elas te tratam, faz quem você é.
Eu escrevi esse texto porque eu tento passar no meu blog o maior número possível de hobbies e interesses meus, tentando pintar um quadro de como eu sou. Mas eu não consigo. Porque não é possível.
Infelizmente eu nunca vou conseguir passar para vocês todas as minhas opiniões e sentimentos. Eu sou uma pessoa muito aberta, muito exposta, e consequentemente, vulnerável. Eu gostaria de mostrar a vocês todos os pedacinhos de mim, todos os cantinhos, todas as coisas boas e as coisas ruins. Eu espero conseguir mostrar sempre um pouco mais de mim, agora através de textos ocasionais sobre pensamentos e sentimentos.
E você, quem é?
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